24/05/2008

Desigualdades e Indiferença no país e no concelho

Portugal foi, nos últimos dias, apontado, em Bruxelas, como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade.
O Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia (UE) em 2007 conclui que os rendimentos se repartem mais uniformemente nos Estados-membros do que nos Estados Unidos."Apenas Portugal apresenta um coeficiente superior ao dos Estados Unidos", sublinha ainda o documento.O relatório é o principal instrumento que a Comissão Europeia utiliza para acompanhar as evoluções sociais nos diferentes países europeus.Os indicadores de distribuição dos rendimentos mostram que os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos, nomeadamente a Suécia e Dinamarca."Portugal distingue-se como sendo o país onde a repartição é a mais desigual", salienta o documento que revela não haver qualquer correlação entre a igualdade de rendimentos e o nível de resultados económicos.
A par destes indicadores, o Jornal o Público destacou nas primeiras páginas: Pobreza e desigualdades sociais estão a agravar-se em Portugal, dando relevância ao relatório da UE que revela que 950 mil vivem com menos de 10 euros por dia.
O Estudo de Bruto da Costa conclui que a pobreza afecta 52% das famílias portuguesas.
É, efectivamente, um retrato triste do país e não só, também do nosso concelho, mas a atitude dos governantes é a mesma, pura indiferença. Senão vejam este pequeno episódio:
Na reunião de 12 de Maio do corrente, a vereadora do PSD, entre outros assuntos, questionou o vereador da Acção Social acerca de um lamento e/ou denúncia de um munícipe da Freguesia de Minde, que, numa reunião, que ocorreu em Torres Novas, com a presença da Dra. Manuela Ferreira Leite efectuou. O munícipe em questão, a propósito da injustiça da Lei do Trabalho que não permite a um empresário falido receber subsídio de desemprego, afirmou que Minde estará a passar pela maior crise económica de sempre, havendo muita miséria e fome.
Estas observações mereceram a atenção de todos e, mais concretamente da Dra Manuela Ferreira Leite, que concordou com a injustiça da lei, que, a seu ver, foi redigida numa conjuntura diferente da actual, pelo que carece de revisão.
Feito o relato, a vereadora do PSD questionou o vereador da acção Social se a Câmara e nomeadamente o Sector de Desenvolvimento Social, tem conhecimento destas situações e que meios estão a ser utilizados para os colmatar. Se não tiver conhecimento gostaria de saber se esta situação pode ser averiguada.
Vejam a resposta do Verador do pelouro, que por acaso é da freguesia de Minde:
"O Sector de Desenvolvimento Social não tem a pretensão de saber tudo. Todavia tem duas certezas: Intervém em tudo o que é do seu conhecimento e em todas as questões que lhe são colocadas. Esta atitude norteia quer o seu próprio procedimento quer o do Sector de Desenvolvimento Social._________________________________
_______ É preciso que a mensagem chegue para se poder intervir, a qual deve ser transmitida nos locais devidos. Qualquer entidade poderá dar a resposta da sua competência ou então desencadear as respostas da rede.
_______ No sábado passado esteve com um industrial de Minde que se queixou. Ele próprio, Vereador, desconhecia que em situações de baixa não lhe são pagos os dias, parece que por ser gerente da empresa.___
_______ A pessoa em causa considera que tal situação é uma injustiça e fez algumas considerações sobre o assunto.__________________
_______ Disse ainda, o Senhor Vereador, que ouviu e compreendeu. Em situações problemáticas, mesmo as pessoas que tiveram boas condições de vida, poderão ser apoiadas e, por isso, não podemos dar acolhimento a críticas quando há conhecimento público. Face á confidencialidade das informações e salvaguarda da privacidade das famílias, por vezes até somos acusados de apoiar quem não precisa. Toda a actuação ao nível dos apoios dados é clara e passível de justificação, e tudo é do conhecimento das várias entidades intervenientes, incluindo a Segurança Social, que é a entidade que tem especial competência nestas matérias.__
_______ Por vezes pode até haver situações de doença grave que vão originar grandes problemas nos agregados.________________________ "
Perante a insistência da vereadora, no sentido do vereador responder à questão colocada, "O Vereador, Senhor Artur Simões Rodrigues, disse que já respondeu à questão colocada pela Senhora Vereadora, mas se não entendeu, volta a dizer que não sabe quais as situações referenciadas. Há intervenções em Minde como existem também noutros locais. Os canais estão abertos. Quem faz estas afirmações deveria fazê-lo em locais próprios, isto é, devem dirigir-se às entidades respectivas e dizer a quem de direito para poder accionar os mecanismos, e não apregoar de qualquer forma sem preocupação de contribuir para a solução. Isto, sem prejuízo da legitimidade de se fazerem as análises em vários fóruns com competência para o efeito.
_______ Volta a referir que o importante será encontrar as soluções, quer junto da Segurança Social, quer do Município, ou de qualquer dos parceiros da Rede.__ "
Comentário: a atitude é sempre a mesma. Ninguém do executivo, à semelhança do que aconteceu anteriormente com outras situações apresentadas (nomeadamente de idosos em risco), se compromete a averiguar nada, apesar de haver uma denúncia pública, amplamente divulgada pela LUSA e de uma interpelação formal em sede de reunião do executivo camarário. O Sr Vereador da Acção Social pede para as denúncias serem feitas no local próprio, esquece-se, porém, de outras que foram feitas em locais próprios, nomeadamente junto dos Parceiros da Rede e que a sua atitude foi exactamente a mesma, alheamento e desinteresse e defesa intransigente dos procedimentos efectuados no âmbito do seu departamento, como se alguém por colocar uma questão deste teor, os tivesse a pôr em causa.

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